18 de março de 2016 – Por Isabel Lourenço / porunsaharalibre.org
Nos últimos tempos temos visto um número impressionante de noticias relacionadas com a ocupação ilegal do Sahara Ocidental por Marrocos nos meios de comunicação social “tradicionais” e “oficiais”.
Evidentemente que não são publicadas as atrocidades diárias cometidas pelas forças de repressão e ocupação nos territórios ocupados, não são noticia os feridos, os violentados, os desaparecidos, nem os presos. Não são noticia as crianças saharauis que não têm assistência médica nos hospitais do colonizador, nem as crianças a quem faltam nutrientes e medicamentos nos campos de refugiados.
São noticia as manobras de Marrocos.
Foi noticia o facto de Marrocos não permitir à Suécia a abertura de 5 lojas Ikea pelo facto de esse país nórdico ter dado a entender que iria reconhecer a República Árabe Saharaui Democrática, prontamente o país arauto dos direitos humanos, a nossa desenvolvida Suécia, arranjou um subterfúgio para não fazer o reconhecimento e abrir as suas lojinhas. Posto numa balança as lojas têm mais peso do que um povo inteiro, ou será que o facto da Suécia estar cada vez mais próxima da NATO e esta por sua vez próxima a Marrocos, tem alguma peso nesta decisão?
Foi noticia a decisão do tribunal Europeu sobre o acordo agrícola UE-Marrocos, que foi declarado ilegal no que respeita à exploração e comercialização de produtos provenientes dos territórios ocupados e mais uma vez se reafirma a ilegalidade da ocupação.
A União Europeia pode fazer todos os acordos que quiser com Marrocos desde que não inclua comprar bens roubados/furtados de um território que não pertence a Marrocos, a isso chama-se crime. Se qualquer um de nós comprar uma televisão roubada e a policia a encontrar na nossa casa temos que a devolver ao proprietário.
E são noticia diária as ofensas e ameaças de Marrocos ao SG das Nações Unidas, que mais não fez que uma ronda à região e visita aos campos de refugiados e territórios libertados onde reafirmou aquilo que está escrito pelas Nações Unidas há décadas: é necessário uma solução mutuamente aceitável no quadro das Nações Unidas e de acordo com as suas resoluções.
Marrocos encena manifestações com manifestantes pagos com migalhas (o máximo foram 500dirham=47Euros) onde membros do parlamento chamam burro e macaco ao SG das Nações Unidas e ameaça retirar o apoio financeiro e de pessoal à MINURSO (missão das Nações Unidas para a questão do Sahara Ocidental).
Preocupa-me o facto de haver esta promiscuidade e que esta promiscuidade tenha sido aceite pela ONU. Como pode uma parte interessada no conflito, neste caso o ocupante que invadiu o território e bombardeou e chacinou a população saharaui, ser parte integrante da missão das Nações Unidas nos territórios ocupados? Como pode a ONU aceitar apoio financeiro, seja ele em forma de dinheiro seja sobre forma de apoio logístico ou outro???
Marrocos diz que irá retirar 84 funcionários dessa missão, pois eu digo “Bem Haja!! Até que enfim!!” e dizem que retiram o apoio financeiro, pois repito “Bem Haja!! Até que enfim!!”
Se as Nações Unidas ficam “desfalcadas” com a falta de 84 marroquinos na MINURSO seguramente que os podem substituir por funcionários da RASD (República Árabe Saharaui Democrática) – mas isso não seria imparcial, verdade?