Ban no irá viajar a Marrocos após a recente decisão do Governo de Rabat

Ban-Ki-moon

Fonte: WRadio

O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, decidiu por marcha atrás ao seus planos de viajar a Marrocos, após as recentes medidas anunciadas pelo Governo de Rabat, algumas ações,  que segundo ele disse hoje, dificultarão as actividades da missão da ONU no Sahara Ocidental.

Nações Unidas, 16 mar (EFE) .- O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, decidiu por marcha atrás ao seus planos de viajar a Marrocos, após as recentes medidas anunciadas pelo Governo de Rabat, algumas ações,  que segundo ele disse hoje, dificultarão as actividades da missão da ONU no Sahara Ocidental.

«Neste momento não está planeada nenhuma viagem do Secretário-Geral a Marrocos», disse o porta-voz de Ban, Stephane Dujarric aos jornalistas, que no final de fevereiro tinha divulgado a intenção do diplomata sul-coreano visitar o país para dar seguimento à sua recente viagem aos campos de refugiados saharauis.

Dujarric deu a entender que a decisão foi tomada após a tensa reunião realizada segunda-feira entre Ban e o Ministro dos Negócios Estrangeiros marroquino, Salahedin Mezuar.

«Obviamente, creio que todos podem ler o tom da reunião de segunda-feira. Creio que o comunicado (emitido pela ONU após a reunião) foi bastante claro sobre este ponto e não existem planos de viajar por parte do Secretário-Geral «, disse o porta-voz perguntado após ter sido questionado sobre o assunto.

Um dia após a reunião, Marrocos anunciou oficialmente uma redução unilateral das suas contribuições para a missão da ONU no Sahara Ocidental (MINURSO) e ameaçou retirar as suas tropas incluídas  no âmbito de outras operações da ONU.

A ONU disse hoje que está a analisar o «potencial impacto» de tais ações e a estudar «medidas de mitigação».

Entretanto, Dujarric disse que a redução da componente civil da missão no Sahara Ocidental anunciada por Marrocos «afeta as operações da MINURSO e irá dificultar a capacidade da missão para implementar o seu mandato na totalidade».

Rabat também informou que prevê cortar a sua ajuda financeira «voluntária» à missão, explicou o porta-voz da ONU, o financiamento em questão é de pouco mais de três milhões de dólares, alocados principalmente ao fornecimento de alimentos e acomodação para o pessoal da missão.

A medida teria dito, «terão um efeito imediato nas obrigações financeiras da missão.»

Fora da MINURSO, Marrocos contribui para missões da ONU com 2.321 militares mobilizados em operações na Costa do Marfim, República Democrática do Congo e República Centro-Africano.

«Se tudo isso se confirmará, lamentariamos obiviamente a decisão de Marrocos,» disse Dujarric, que confia que ambos os lados serão capazes de remediar a situação.

«Gostaríamos de ser capazes de avançar numa atmosfera mais positiva», disse o porta-voz, que assegurou que a ONU permanece em contato com as autoridades marroquinas e que os membros do Conselho de Segurança estão ao corrente dos acontecimentos.

Ao mesmo tempo, deixou claro que Ban manterá a sua posição sobre o Sahara Ocidental e a necessidade de negociações e espera que o processo político siga em frente.

«As pessoas do Sahara Ocidental merecem um processo político, merecem uma luz no fim do túnel», disse ele.

A tensão entre o Governo marroquino e o chefe da ONU rebentou publicamente na sequência da recente viagem do SG  à área do Sahara Ocidental, amplamente criticada por Rabat.

Marrocos utilizou palavras e gestos «insultosos» contra o diplomata durante a sua visita e reagiu com uma dureza incomum, especialmente pelo uso da palavra «ocupação».

No domingo, Rabat foi o cenário de uma grande manifestação contra o Secretário-Geral das Nações Unidas, com a participação de pelo menos sete ministros do governo.

O encontro entre Ban e Mezuar na segunda-feira não melhou a situação, depois de Ban expressar ao chefe da diplomacia marroquina a sua «indignação» sobre os protestos, que foram descritos pelo governo marroquino  como «um novo ultraje ao povo marroquino».