No dia 9 de Dezembro de 2016 o noticiário da cadeia de TV marroquina que transmite a sua emissão em El Aaiun, territórios ocupados do Sahara Ocidental, anunciou a criação de uma associação de familiares de vitimas marroquinas de Gdeim Izik.
Transcorridos 6 anos do desmantelamento brutal do acampamento de protesto não violento de Gdeim Izik, no qual a polícia e forças militares marroquinas atacaram dezenas de milhares de saharauis conforme é do conhecimento público e deteve milhares de saharauis, tendo torturado, sequestrado e mantido em detenção ilegal centenas deles.
Desses sequestrados, detidos e torturados, 25 civis saharauis foram julgados em tribunal militar em 2013. Acusados de vários crimes entre eles assassinato de agentes marroquinos, mas durante todo o julgamento nunca foram apresentadas evidencias dessas supostas vitimas, nem autopsias apesar de terem sido repetidamente exigidas pelos advogados presentes. O Julgamento foi uma farsa jurídica, uma encenação e nulo e inválido pelo quantidade de incumprimentos jurídicos do processo. Conforme atestam os vários relatórios emitidos pelos observadores internacionais e conforme foi reafirmado pelo grupo de trabalho para as detenções arbitrárias das Nações Unidas.
Durante o próprio julgamento as testemunhas de acusação foram dispensadas pelo Juiz uma vez que não conseguiam corroborar as acusações.
Agora após quase 4 anos desde o julgamento e 6 anos após o desmantelamento do acampamento é anunciada a criação de uma associação de familiares das vitimas marroquinas, que até à data não existia.
Uma clara manobra mediática de Marrocos 17 dias antes do julgamento de 21 activistas saharauis com penas de 20 anos a perpetua do grupo Gdeim Izik, em tribunal civil. Julgamento este que foi possível devido à grande pressão internacional.
Para ilustrar a falta de provas e provas falsas apresentadas no julgamento anexamos um vídeo realizado por elementos das autoridades marroquinas (segundo informação do procurador geral do rei) em que supostamente o Sr. Abdallahi Abhaha estaria a profanar um cadáver, urinando em cima do mesmo. O Sr. Abdallahi Abhaha é de estatura baixa (cerca 157cm) e gordinho, não tendo qualquer semelhança com o individuo do vídeo. E fica ainda a questão do porque de um vídeo “ao vivo” sem detenção imediata do suposto criminoso tratando-se de um facto perpetuado em frente a agentes da autoridade?
Este é apenas um exemplo do tipo de “provas” apresentadas, os vídeos apresentados estavam todos editados e manipulados, as “facas, machetes etc.” sem qualquer dano visível e higienizadas sem qualquer vestígio de utilização. Provas forenses não foram apresentadas, nem a linha temporal apresentada corroborava as acusações apresentadas pelo procurador geral do rei.
Apelamos mais uma vez a todas as organizações e activistas que estejam presentes no julgamento de dia 26 de Dezembro em Sale, Rabat às 10h00.
Video marroquino de manipulação de informação: