PUSL.- Segundo a nossa fonte, Ali Saadoni, que terminou a sua sentença na prisão ontem, foi libertado durante o amanhecer, mas “desapareceu” em frente à prisão de Bouzakarn, sendo colocado num carro por pessoas desconhecidas, suspeitas de pertencer à polícia secreta.
O preso político foi maltratado e torturado durante todo o período de detenção e os seus medicamentos diários que necessita para uma doença crônica nunca lhe foram dados.
Saadoni tem cicatrizes visíveis dos maus-tratos e tortura e não está claro se o “sequestro” foi executado apenas para impedir uma recepção na saída da prisão pelos ativistas saharauis ou se o seu estado de saúde é tão alarmante que as autoridades marroquinas querem escondê-lo.
A mãe de Ali Saadoni informou que, na visita de segunda-feira, 5 de agosto, o seu filho tinha cicatrizes visíveis nas mãos e pulsos e estava algemado. Saadoni disse à mãe que ele estava em total isolamento desde 21 de junho, quando foi transferido às três da manhã da prisão de El Aaiun, no Sahara Ocidental ocupado, para a prisão de Bouzakarn, em Marrocos.
Além de ficar em isolamento prolongado por 48 dias, esteve algemado durante todo o tempo.
De acordo com a mãe de Saadoni, o preso político estava em grave estado de saúde e em condições gerais miseráveis e a administração da prisão não lhe forneceu os remédios diários necessários para uma doença crônica séria de que ele sofre.
O confinamento prolongado a que ele está sujeito excede o prazo estabelecido pela lei marroquina e por todas as convenções assinadas por Marrocos e considerado tortura pelas Nações Unidas.
Ser algemado o tempo todo é uma tortura extrema.
Recusar-se a dar-lhe os remédios que ele precisa é uma tentativa de assassinato.
Ao chegar a Bouzakarn, ele foi imediatamente isolado.
Saadoni foi condenado a 7 meses de prisão e uma multa de 5000 Dirham (480Euros).
O acesso ao julgamento foi restrito, estando presentes apenas a mãe e a irmã de Saadoni, mas os ativistas saharauis foram impedidos de entrar, bem como o tradutor de dois advogados espanhóis credenciados pela Ordem de Advogados de Espanha.
O advogado de defesa denunciou as várias violações de procedimentos processuais e afirma que não foi um julgamento com as garantias necessárias para ser considerado um julgamento justo e imparcial.
Saadoni denunciou mais uma vez que foi vítima de tortura e maus-tratos pelas autoridades marroquinas e negou todas as acusações.
Saadoni foi detido por exibir bandeiras da SADR (República Democrática Árabe Saharaui) e por defender a autodeterminação do Sahara Ocidental em conformidade com as resoluções da ONU e, posteriormente, foi acusado de porte de drogas e outras acusações falsas.
Ali Saadoni é um ativista conhecido, que passou por inúmeras prisões e uma sentença de mais de 2 anos. Os maus tratos a que foi submetido durante a sua última detenção levaram o saharaui a cozer a boca em protesto exigindo tratamento humano.
Os presos políticos saharauis são presos o mínimo de tempo possível nos territórios ocupados e, o mais rapidamente possível, transferidos para as prisões em Marrocos.
Essas transferências violam o direito internacional humanitário e a Convenção de Genebra.
Marrocos continua com impunidade a torturar e sequestrar todos os saharauis que são conhecidos pelo seu ativismo não violento contra a ocupação ilegal do território e pela implementação das resoluções das Nações Unidas.