PUSL.- Após 17 dias de bloqueio da brecha ilegal marroquina em EL Guergarat, os manifestantes saharauis não arredam pé. Nenhum transporte passa pela brecha que foi ilegalmente aberta por Marrocos em clara violação dos acordos assinados e com o silêncio cúmplice das Nações Unidas cuja Missão de Paz no terreno não cumpre o seu dever e em várias ocasiões chegou até a entregar civis saharauis às forças de ocupação marroquinas para serem torturados.
A impunidade de Marrocos, violação após violação do Direito Internacional, do Direito Internacional Humanitário, dos acordos assinados entre as partes e do acto constitutivo da União Africana, levou os Saharauis a dizerem Basta após 29 anos de espera por um referendo.
Os manifestantes reafirmam que a MINURSO é cúmplice de Marrocos.
Nos vídeos que nos foram enviados podemos ver e ouvir os manifestantes a dizerem que “A MINURSO é cúmplice de Marrocos não vamos cooperar nem falar com eles” e uma manifestante declara: “Somos os saharauis na brecha ilegal de Guergarat. Anunciamos à opinião pública mundial e à sociedade civil saharaui hoje, 5 de Novembro às dez da manhã que temos provas áudio e imagens da cumplicidade da MINURSO com as forças de ocupação de Marrocos, e portanto não vamos cooperar com eles à partir deste momento.”
Relembramos que o último relatório do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, classifica a situação nos territórios ocupados do Sahara Ocidental como “calma”, frase que também figura na Resolução 2548 (2020) adoptada pelo Conselho de Segurança a 30 de Outubro de 2020 e na qual se renova o mandato da MINURSO por ano sem qualquer mandato de protecção de direitos humanos e sem fazer referencia à brecha ilegal de Guergarat.
“Vivemos numa prisão a céu aberto nos territórios ocupados, num regime de apartheid e em constante perigo de vida, forçados ao empobrecimento, ao desemprego à violência enquanto Marrocos enche os bolsos com as nossas riquezas e tortura os nossos filhos e filhas” diz-nos S. activista e mãe dos territórios ocupados.
“Estamos fartos de sobreviver de migalhas que nós dão como se fossem esmolas e nós cabras numa curral, permitem o saque e a ocupação dos nossos recursos e do nosso país e depois enviam-nos uns grãos de arroz e uma lata de sardinha para os campos de refugiados. A comunidade internacional é hipócrita e estamos fartos de sermos tratados assim, Isto não é vida, não temos nada a perder, nada! Vivemos a olhar para o vazio do deserto há 45 anos, basta! ” diz-nos Najat, também ela uma mãe, que vive nos campos de refugiados.