PUSL.- A violência das autoridades de ocupação marroquinas contra as crianças saharauis são uma constante desde 1975.
Valas comuns com corpos de crianças, crianças vitimas de napalm e fósforo branco, de minas terrestres tudo durante os 16 anos de guerra até 1991.
Mas depois de 1991 a violência não parou o muro militar marroquino de 2720km que divide o Sahara Ocidental é a zona mais minada do mundo per capita e ceifa vidas saharauis, crianças inclusivé há décadas sob o olhar impassivo das Nações Unidas.
Nos territorios ocupados a violência nas escolas, nas ruas, as detenções árbitrias, as torturas são uma realidade.
Durante anos que alertamos para a urgência de um mecanismo de protecção da sociedade civil saharaui, em especial para as crianças.
Marrocos nas últimas semanas tem tido mais atenção da imprensa internacional, mas têm se focado em violações menores e na problemática do “tráfego” que tem que chegar à Mauritania.
Falamos com Hmad Hamad vice-presidente da Codapso “A quantidade de policias ao redor das escolas é impressionante, têm as crianças sob vigilância apertada”. Também Aminetu Haidar há dois dias nos disse que a sua casa e a de todos os activistas estão sobre um cerco apertado e que são seguidos para todos os lados.
Walid, da equipa de comunicação Al Gargarat” fala-nos das ruas repletas de milicias que perseguem e revistam jovens e crianças.
S. e L. de 11 anos dizem-nos, “não queremos sair de casa, temos medo, viram o que aconteceu a Hayat? ” referindo-se à menina de 12 anos que foi torturada no dia 16 de Novembro.
Y. de 10 anos conta-nos “eu não conto aos meus pais o que eles nos dizem na escola… É horrivel, eles dizem-nos palavras que nos fazem medo, contra nós contra as nossas familias. Querem que eu grite viva o rei, eu não quero, só nós fazem mal. A minha avó, eu vi sangue na cara da minha avó, eles bateram-lhe. Eles batem em toda gente,. ”
M. tem 13 anos :” a policia estava à porta da escola, empurraram me, e dois foram atrás de mim, não posso repetir as palavras que me disseram. Encostaram me a uma parede e começaram a tocar me, eu tremia muito, não conseguia parar de tremer, não conseguia respirar, disseram me coisas que me iam fazer a mim, à minha mãe, às minhas irmãs pequenas, disseram que andam à procura do meu irmão. Por favor escrevam isso, por favor digam ao mundo, ajudem nos! ”
O mundo olha para este conflicto como um caso mais, como algo que pode ser adaptado e forjado de acordo com a realpolitik, o mundo abandona as crianças que são o nosso futuro à violência, é nosso dever dar voz a estas crianças.
As crianças saharauis são diariamente vítimas do regime de ocupação marroquino há anos, conforme denunciado no relatório da Sra. Lourenço publicado pelo Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto e no Relatório sobre a Tortura da Fundação Sahara Ocidental em Espanha.
Relatorio Sra. Lourenço: http://africanos.eu/images/publicacoes/working_papers/WP_2019_1.pdf
Relatorio Fundação Sahara Ocidental: https://es.scribd.com/document/391200979/Informe-Fundacion-Sahara-Occidental-La-tortura-sufrida-por-la-poblacion-saharaui-bajo-ocupacion#from_embed
[…] porunsaharalibre 26. November 2020 […]