PUSL.- O ano de 2021 traz boas noticias para a rede de informadores e “bufos, conhecidos por “Moqaddems” e “Chioukhs”, que dependem do Ministério do Interior Marroquino com anúncio de aumentos substanciais de renumeração.
Estes aumentos não podem ser vistos separados da crescente contestação interna e externa de Marrocos e do fim do cessar fogo entre Marrocos e Frente Polisário, após o ataque a civis saharauis por parte dos militares marroquinos na zona tampão de El Guergarat em 13 de Novembro passado.
Os território ocupados do Sahara Ocidental estão sob um cerco absoluto onde o movimento de todos os saharauis é vigiado e registado, onde casas estão sob cercos policiais e bairros saharauis inteiros sob um regime de gueto (ver relatório https://www.africanos.eu/index.php/pt/publicacoes/working-papers/86-pdfs-e-outros/965-situation-in-the-occupied-territories-of-western-sahara-since-13th-of-november-2020).
Um “Chioukh” é um suposto chefe tribal (nomeado pelo Makhzen[1]) e um “Moqadem” é o titulo outorgado aquele que vigia tudo o que se passa num bairro.
O Ministro da Administração Interna marroquina, Abdelouafi Laftit, aprovou um aumento nos salários dos moqaddems e chioukhs nas cidades e vilas de Marrocos e dos territórios ocupados do Sahara Ocidental, segundo informou “Al Massae “ na sua edição de terça-feira, 29 de dezembro.
O salário dos chioukhs nas cidades grandes aumentará para 367 Euros e em cidades menores ou comunidades rurais para 275 Euros.
Os moqaddems nas cidades receberão 330 Euros e em cidades menores ou comunidades rurais 229 Euros. Os moqaddems nas cidades pequenas e áreas rurais têm o maior aumento já que antes recebiam 74 Euros mensais.
Mas como todos os regimes que assentam no terror existem um sem número de outros informadores, um aparato policial, paramilitar e militar impressionante e com poderes “não escritos” que lhes permitem um controle absoluto de movimentos, censura e associação e o recurso sistemático à prática de tortura (ver relatório da Fundacion Sahara Occidental[2])
Controle de Marrocos no estrangeiro
Cada país com representação diplomática marroquina tem um “Chefe de antena” que está ligado à embaixada e é funcionário dos serviços secretos marroquinos. O Chefe de Antena tem uma rede de “bufos” que informam sobre os movimentos, opiniões politicas, associações de emigrantes marroquinos nesse país e também sobre os Saharauis e as associações e pessoas que de algum modo expressem opiniões contrárias à ocupação do Sahara Ocidental, denunciam as torturas e violações de direitos humanos nos territórios ocupados do Sahara Ocidental ou em Marrocos.
Estes informadores podem ser pagos diretamente pelo Chefe de Antena, ou através de associações criadas para o efeito que assim “disfarçam” o fluxo do dinheiro. Estas associações não são mais que “filiais” dos serviços secretos.
Infelizmente esta rede não para aqui e muitos europeus estão também eles directa e indiretamente envolvidos em escândalos de pagamentos e afiliações a organizações que lhes permitem cometer verdadeiros crimes de tráfico de influências. Como foi o caso dos eurodeputados Lalonde, Manescu, Ries e Gilles Pargneaux( ver: https://porunsaharalibre.org/2018/11/28/deputados-europeus-denunciados-por-violacao-de-codigo-de-conduta-favorecendo-interesses-marroquinos-e-ocupacao-do-sahara-ocidental/?lang=pt-pt ) para mencionar apenas um dos muitos exemplos que abrangem eleitos em quase todos os países e organizações do mundo e inclusive abrangem as mesquitas, ver artigo de 22 de Junho de 2020 ( https://porunsaharalibre.org/2020/06/22/marrocos-gasta-milhoes-nos-eua-na-america-latina-africa-e-na-ue-para-fazer-lobby-pela-ocupacao-ilegal-do-sahara-ocidental/?lang=pt-pt).
[1] Makhzen – o verdadeiro estado marroquino – processos e sistemas arcaicos e tradicionais do sistema político e da monarquia, de que fazem parte, entre outros o poder de decisão dos conselheiros do rei e dos altos funcionários nomeados por este e controlam tudo em Marrocos.
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