- José Ramos Horta regressa ao cargo de presidente de Timor Leste, após ter vencido a segunda volta das eleições presidenciais com 62,09% dos votos.
- Prémio Nobel da Paz de 1996 e presidente de Timor Leste entre 2007 e 2012, Ramos Horta regressa assim ao cargo máximo do país.
- O presidente deu uma entrevista a RFI na qual abordou entre outras a questão do Sahara Ocidental.
Abaixo a transcrição dessa entrevista:
Precisamente durante muito tempo Timor Leste e o Sahara Ocidental estiveram juntos em relação à luta pela emancipação. O Sahara Ocidental continua a não poder organizar o seu referendo. Eu perguntar-lhe-a quais serão as suas relações com Marrocos, que tem conseguido agora novos aliados. Mesmo a Espanha, antiga potência colonial do Sahara Ocidental, agora diz que o plano mais realista para o Sahara Ocidental é de facto o plano de autonomia marroquino ?!
As Nações Unidas, felizmente, continuam a ter agendada a questão do Sahara ocidental, assente para a sua resolução; assente na realização de um referendo. Única solução possível, que eu creio a longo prazo para a questão do Sahara ocidental é chegar a um acordo para a realização de um referendo. Pode ser um referendo em relação à autonomia especial. Como aconteceu com Timor Leste !
O que foi colocado ao povo de Timor Leste em 1999 no Acordo de 5 de Maio, negociado pela ONU com Portugal e Indonésia foi precisamente um referendo. Não se usou o termo “referendo”, usou-se “consulta popular” sobre o plano de autonomia. A haver um plano de autonomia, ou qualquer plano que seja, deve ser colocado à decisão livre e soberana do povo que mais direito tem relação à solução final para o problema.
Muito bem. Querem propor uma autonomia? Se é a Espanha e outros bem dizem que é a solução mais realista ! Muito bem. Coloca-se essa questão, essa autonomia a um acto referendatário pelo povo do Sahara Ocidental.
PortantoTimor Leste não abandona os saharauis?
Não é uma questão de abandonar ou não. É uma questão de estar na agenda da ONU, na Assembleia geral e Timor continuará a apoiar. Eu não estou no governo há dez anos, mas eu acredito que é a política do governo timorense, do Presidente da República e outros, desses dez anos tem sido de continuação de apoio ao direito do povo do Sahara ocidental à autodeterminação e qualquer solução só pode passar por via do diálogo, mediado pela ONU, entre Marrocos e a Frente Polisário
Qualquer que seja a solução que queiram, que negociem mesmo uma negociação entre o Sahara ocidental, a Polisário e o reino de Marrocos deve ser posto à decisão do povo.