Amar Belani, enviado especial para o Sahara Ocidental e o Magrebe, afirmou segunda-feira que as declarações do ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros, José Manuel Albares, em resposta às declarações do Presidente Abdelmadjid Tebboune, eram “lamentáveis e inaceitáveis”.
“Os comentários depreciativos feitos pelo Ministro Albares em reacção à declaração do Presidente da República Argelina, Abdelmadjid Tebboune, são lamentáveis e totalmente inaceitáveis”, afirmou o Embaixador Amar Belani, enviado especial encarregado do Sahara Ocidental e dos países do Magrebe, em comunicado.
Segundo a mesma fonte, estes comentários “não contribuirão certamente para um regresso rápido às relações bilaterais normais e o ministro espanhol terá de assumir as consequências”.
Amar Belani disse que o Ministério dos Negócios Estrangeiros espanhol tentou retirar os comentários que fez sobre o Presidente da República.
“O seu departamento ministerial sondou a imprensa espanhola para tentar corrigir a situação, mas temos a gravação áudio que confirma que o ministro fez comentários ofensivos que são a antítese da educação e do protocolo”, acrescentou Amar Belani.
Áudio do Ministro Albares:
Os meios de comunicação espanhóis citaram José Manuel Albares como dizendo que ele não respondeu às declarações do Presidente Abdelmadjid Tebboune porque isso era apenas uma “discussão estéril”.
O Presidente da República, Abdelmadjid Tebboune, salientou no sábado que o que a Espanha fez sobre a questão do Sahara Ocidental é “moralmente e historicamente inaceitável”, apelando à aplicação do direito internacional para o restabelecimento de relações normais entre a Argélia e Madrid.
Na sua habitual reunião com representantes da imprensa nacional, transmitida pela televisão e rádio nacionais, o Presidente Tebboune afirmou: ” Espanha não deve esquecer que a sua responsabilidade continua comprometida com o Sahara Ocidental, devido ao seu estatuto de potência administradora do território no direito internacional, e que enquanto não houver solução, seja qual for a sua natureza, “sobre a questão do Sahara Ocidental, é uma responsabilidade que Madrid parece ignorar”.
O Presidente da República da Argélia sublinhou que Espanha não tem o direito de “oferecer um país colonizado a outro país”, indicando que a Argélia “mantém boas relações com Espanha”. Contudo, explica, a posição recentemente expressa pelo chefe de governo, Pedro Sánchez, sobre a questão saharaui, “alterou a situação”, o que exigiu a retirada pela Argélia do seu embaixador em Madrid.
“O governo espanhol não ouviu as opiniões de outros sobre a questão saharaui, apesar de estas terem sido levantadas no parlamento espanhol e pela opinião pública espanhola. Não vamos interferir nos assuntos internos de Espanha, mas a Argélia, como país observador no dossier do Sahara Ocidental, bem como nas Nações Unidas, considera que a Espanha é a potência administradora do território até que seja encontrada uma solução para este conflito”, indicou o Presidente Tebboune.
É necessário “distinguir entre o governo espanhol e o Estado espanhol, com o qual temos laços muito fortes. Exigimos a aplicação do direito internacional para que as relações com Espanha possam voltar à normalidade, que não deve esquecer a sua responsabilidade histórica, afirmando que a Argélia “não desistirá nem do Sahara Ocidental nem da Palestina, porque são duas questões de descolonização”.