A Colômbia anuncia a abertura da Embaixada da República saharaui em Bogotá

 

(SPS)- O Ministério dos Negócios Estrangeiros da República da Colômbia anunciou ontem, terça-feira 15 de Novembro, no quadro do balanço dos primeiros 100 dias do seu governo, o seu acordo e aprovação para a abertura de uma nova embaixada da República saharaui em Bogotá.

Com este anúncio, a Colômbia e a República saharaui elevam as suas relações bilaterais ao seu mais alto nível, na sequência da declaração do Ministério dos Negócios Estrangeiros do país andino a 10 de Agosto último, pela qual o “Governo da República da Colômbia, inspirado nos princípios e objectivos da Carta das Nações Unidas, reafirma a validade do Comunicado Conjunto assinado com o Governo da República Árabe Democrática Saharaui a 27 de Fevereiro de 1985”.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros colombiano justifica a abertura da nova missão diplomática saharaui em Bogotá como uma importante contribuição, “que reforçará o diálogo bilateral e as relações entre os dois países”, como “uma componente essencial da Estratégia África 2022-2026, que assegura uma maior presença da Colômbia em África, orientando as questões bilaterais para a memória, reparação histórica e justiça etno-racial”, concluiu.

Vale a pena notar que no caso da República Saharaui, a única nação africana cujas partes do seu território estão ainda sob ocupação estrangeira, o anúncio constitui, aos olhos de muitos observadores, “um gesto para tal reparação histórica e justiça, com uma nação africana de profundas raízes hispânicas”. De facto, o próprio Presidente colombiano Gustavo Petro, durante a sua entrevista no canal France 24 e Radio France International a 13 de Novembro na Conferência de Paz de Paris, denunciou os dois pesos e duas medidas de certos países ao rotular “invasões estrangeiras como boas e más”, mantendo ao mesmo tempo um silêncio retumbante perante outros. Petro chegou ao ponto de perguntar: “porque é que a invasão do Sahara Ocidental não está condenada, ou talvez porque os seus habitantes têm a pele mais escura e falam espanhol, não vamos denunciá-la”, concluiu o líder colombiano.

O importante anúncio do executivo colombiano de abrir uma embaixada saharaui reforça a recente decisão da legislatura colombiana, com a criação em Bogotá do Grupo Parlamentar de Amizade Colômbia-SADR, em cujo acto constitutivo os seus fundadores expressaram a 18 de Outubro último o seu desejo de “reforçar estas relações de grande benefício para ambas as nações”.

Para o Embaixador saharaui responsável pelas relações com a América Latina e as Caraíbas, Mohamed ZRUG, “com a nova Embaixada na Colômbia, a RASD reforça o seu compromisso estratégico com os laços históricos, linguísticos e culturais com o continente latino-americano, onde, para além de ter, desde finais dos anos 70 do século passado, um número importante de embaixadas e missões, mantém relações diplomáticas com a maioria dos seus Estados membros e goza de um crescente movimento de solidariedade”.

Aos olhos de vários analistas consultados, a decisão da Colômbia e de outros países da região de reforçar as suas relações diplomáticas com a República Saharaui não se deve apenas à adesão sem restrições dos seus governos à legalidade internacional, mas constitui também uma “resposta política e diplomática firme às manobras de Marrocos para sabotar o processo de descolonização no Sahara Ocidental durante três décadas”, retomando a guerra contra o povo saharaui desde 13 de Novembro de 2020, e uma “advertência, mais do que velada, à sua agressiva pressão para se imiscuir em assuntos de soberania nacional, que muitos observadores concordam que é financiada e controlada por Rabat”.