A estranha forma de ser transparente dos funcionários das agências da ONU

En todos los campamentos se ven edificios con logotipos azules de ACNUR, UNICEF, etc Pero empleados de estas organizaciones de la ONU, ni uno
Foto: MINURSO

Passei 3 semanas nos acampamentos de refugiados saharauis , tendo ido a Smara, El Aaiun, Bojador e tambêm a Rabuni.

Em todos os acampamentos vêem-se edifícios com logotipos azuis da ACNUR, UNICEF etc. Vi um logotipo da MINURSO.

Mas seres humanos, funcionários dessas organizações, missões, instituições … nem um.

Indaguei, e estive atenta, nem um durante todo este tempo.

Isabel Lourenço – PUSL.- Achei estranho. Não são essas organizações que tanto dizem estar no terreno? Ou será que enviam apenas a tinta e o stencil para serem pintados em muros, atrás dos quais a “ajuda” ínfima, para não dizer ridicula é o motivo de tanto marketing?

Perguntei pela MINURSO da qual ouvi e li que está sempre no terreno e muito atenta a elaborar relatórios …. assim se percebe as falhas nos mesmos, não se pode documentar o que não se vê.

Vivem em Tindouf nas suas instalações ou em hotéis, foi-me dito. Tindouf é a cidade argelina mais perto dos acampamentos e com condições mutíssimo superiores a um campo de refugiados como podem imaginar, sendo um município igual a tantos outros na Argélia com infra-estruturas, transportes, comércio e tudo o que pode oferecer uma cidade.

Como se pode verificar no próprio site da MINURSO (https://minurso.unmissions.org/gallery-tindouf) os “funcionários” postam fotos do seu lindo edifício e dos seus carros 4×4 com os quais gostam de ir às dunas e ver o pôr do sol. Também os encanta tirar fotos com as “criancinhas” “pobres e refugiadas” à boa maneira neocolonial de quem vai praticar o “bem”.

Não falta uma foto do café onde gostam de se encontrar ao fim do dia. Quem vê as fotos pensa que está a ver o registo de umas férias nas dunas.

A UNICEF é outro exemplo de “ajuda com funcionários invisíveis”. A única coisa que vi da UNICEF para além de muitos logotipos foi um pacote de 10 bolachinhas que são dadas a crianças da escola primária e esse pacote tem que ser dividido por 2 alunos. Ou seja 5 bolachas 5 vezes por semana durante o período lectivo. Bravo!

Curiosamente no site “presentes para a vida” (https://presentesparaavida.unicef.pt/todos-os-produtos/) não vi nenhum pacote de bolachas idêntico.

Como todos sabemos a maior parte do orçamento destas organizações é para o seu auto sustento. Cada um que pense o que quiser e racionalize como quiser este facto.

Se formos de novo à fonte (https://www.unicef.org/algeria/communiqués-de-presse/40000-enfants-sahraouis-scolarisés-grâce-à-un-partenariat-entre-lunion) a UNICEF em conjunto com a União Europeia “ajudou” com 1,7 milhões de Euros o sistema de ensino no campos de refugiados. Isso equivale a 42,4 Euros por criança nos 4 anos a que se refere o donativo ou seja a 10,63 euros por ano/criança ou seja 0,03 euros por dia. Bravo!

Se quisermos ser mais concretos esse valor de 0,03euros por criança ainda teria que ser divido em dois resultando em 0,014 euros visto tratar-se da União Europeia e da UNICEF.

Não irei aqui fazer de novo a comparação sobre quanto recebe Marrocos , o culpado destas crianças viverem em exílio, da União Europeia em “ajudas” e “incentivos” e “contrapartidas” e sabe-se lá quanto irá receber para construção de estádios de futebol, mas podem reler o artigo publicado no PUSL (https://porunsaharalibre.org/2016/09/21/refugiados-saharauis-necessitam-de-121-milhoes-de-euros-para-sobreviver-um-ano-mas-ue-da-195-milhoes-euros-a-marrocos-para-operacoes-de-maquilhagem/?lang=pt-pt).

Acredito que seja “incomodo” e mais “difícil” de trabalhar no terreno nos campos de refugiados do que em Tindouf. Digo que acredito porque não tenho meios de fazer uma comparação pessoal, visto nunca ter estado num hotel em Tindouf, ter trabalhado durante este tempo nos campos, no chão, sem cadeira ou mesa e quase nunca com cobertura de internet. Dormi num colchão no chão como todas as pessoas que aí vivem, lavei-me uma vez ao dia ou a cada dois com 3 copos de água não potável. Mesmo assim as condições que tinha eram muito superiores aos habitantes dos campos.

Saharauis exilados, desde 1975, devido à ocupação militar e brutal por Marrocos do seu pais que está repleto de riquezas naturais. Um violação gravíssima do direito internacional e uma vergonha para a comunidade internacional.

Ban Ki Moon ficou admirado com a raiva que viu nos refugiados contra a ONU durante a sua visita (ler: https://porunsaharalibre.org/2023/03/10/ban-ki-moon-e-o-sahara-ocidental/?lang=pt-pt) , Eu fiquei admirada com a ausência de ódio e pela grande dignidade destes refugiados e com a sua certeza inabalável que irão lutar pela sua pátria até ao fim.

POR UN SAHARA LIBRE .org - PUSL
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