WASHINGTON – APS.dz – As empresas sionistas intensificaram a sua implicação na pilhagem dos recursos naturais do Sahara Ocidental ocupado desde a normalização das relações entre a entidade sionista e o regime makhzeniano, nomeadamente através da conclusão de numerosos acordos entre empresas sionistas e marroquinas no domínio dos hidrocarbonetos, em violação do direito internacional, revela o site noticioso norte-americano MintPress News (MPN).
De acordo com uma investigação realizada e publicada pelo MPN, várias empresas sionistas já estão a trabalhar com Marrocos no território saharaui ocupado. Entre elas estão a NewMed Energy, Ratio Petroleum, Selina Group, Halman-Aldubi Technologies e uma sociedade anónima que está a lançar um projecto de aquacultura no Sahara Ocidental.
De acordo com o observatório internacional Western Sahara Resource Watch (WSRW), citado pela MintPress News, as únicas empresas que se dedicam à exploração de petróleo e gás no Sahara Ocidental são sionistas: NewMed Energy e Ratio Petroleum.
“Trata-se de recursos que se esgotarão e desaparecerão sob a ocupação antes que o conflito seja resolvido, e isso é muito preocupante para o povo saharaui”, declarou à MPN Erik Hagen, membro da direcção da WSRW.
O que estas empresas (sionistas) estão a fazer agora é, de certa forma, o pior dos piores”, acrescentou.
A investigação revela assim uma intensificação sem precedentes das actividades comerciais das empresas sionistas em solo saharaui, desde que a entidade sionista e o regime de Makhzen normalizaram oficialmente as suas relações a 22 de Dezembro de 2020, após a administração do ex-presidente dos EUA Donald Trump ter anunciado que reconhecia a alegada “soberania” de Marrocos sobre o Sahara Ocidental. No entanto, como observa o site de notícias, “hoje, 82 países reconhecem o Sahara Ocidental”.
A mesma fonte cita, entre outras coisas, a conclusão em Setembro de 2021 de um acordo entre o Gabinete Nacional de Hidrocarbonetos e Minas de Marrocos e o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Marrocos. (ONHYM) e a Ratio Gibraltar, uma filial da companhia petrolífera sionista Ratio Petroleum, para explorar petróleo e gás ao largo da cidade ocupada de Dakhla, no Sahara Ocidental.
Além disso, em Dezembro de 2022, a NewMed Energy – uma filial da empresa sionista Delek Group – assinou um acordo comercial com a ONHYM e a Adarco Energy, sediada em Gibraltar, para a exploração de petróleo e gás ao largo de Bojador, uma cidade saharauí ocupada.
A WSRW observa que “o Grupo Delek é apoiado por vários investidores europeus e americanos”. No que respeita às relações entre a entidade sionista e o regime marroquino, a MintPress News confirma que “a colaboração entre os dois existe há décadas, embora em segredo”. Cita como exemplo a compra pelo exército marroquino de ocupação de drones à entidade sionista em 2014. Estas armas, que foram finalmente recebidas em 2020, devem ser utilizadas contra a Frente Polisario, segundo a mesma fonte.
E em 2021 e 2022, Marrocos comprou – novamente à entidade sionista – drones, a serem utilizados para vigilância e recolha de informações no Sahara Ocidental, drones kamikaze e o sistema interceptor de mísseis e antiaéreos Barak MX, acrescentou.
Assim, conclui o inquérito, com a normalização, a aliança militar entre Marrocos e a entidade sionista “já não é apenas um segredo. Está também a intensificar-se”.
Neste contexto, Riccardo Fabiani, director do programa para o Norte de África do International Crisis Group (ICG), citado no inquérito, sublinha que com a normalização, a cooperação entre o regime de Makhzen e a entidade sionista “atingiu agora um nível sem precedentes”.