Perante um representante marroquino levado ao ridículo, a Argélia reafirma na ONU o seu apoio à causa saharaui

NOVA IORQUE – APS.dz – O representante permanente da Argélia junto das Nações Unidas em Nova Iorque, o embaixador Amar Bendjama, exerceu o seu direito de resposta e reagiu, com argumentos de apoio, às alegações espúrias marroquinas feitas hoje no discurso do representante permanente do Reino de Marrocos no debate geral da 78.ª sessão da Assembleia Geral da ONU.

Bendjama recordou a base jurídica da questão do Sahara Ocidental como um território sob ocupação cujo povo é impedido de exercer o seu legítimo e inalienável direito à autodeterminação. Bendjama recordou à Assembleia Geral que a questão do Sahara Ocidental é tratada pela ONU como uma questão de descolonização e assim permanecerá até à plena aplicação da Resolução 1514 e à conclusão do processo de descolonização deste território.

O Representante Permanente da Argélia recordou também o facto histórico inegável de que Marrocos, que hoje reivindica o território do Sahara Ocidental, tinha aceite, no início da sua ocupação, partilhar este território com a Mauritânia.

O Sr. Bendjama recordou que o acordo que regista esta partilha existe e está mesmo registado na ONU.

Por outro lado, e em resposta às acusações marroquinas de que a Frente Polisario era uma organização terrorista, o senhor Bendjama recordou que todos os movimentos de libertação tinham sido demonizados e tratados dessa forma pelos colonizadores, tendo mesmo a Frente de Libertação Nacional argelina sido rotulada de grupo terrorista. Isto não engana ninguém, porque todas as potências hegemónicas sempre tentaram diabolizar os resistentes e os combatentes da liberdade, e certamente não convence o Secretário-Geral da ONU, que acaba de receber há dez dias o Secretário-Geral da Frente Polisário, o Presidente Brahim Ghali, salientou.

O embaixador não deixou de recordar a posição expressa pelo Presidente da República, Abdelmadjid Tebboune, que proclamou mais uma vez, da tribuna da Assembleia Geral, o apoio inabalável da Argélia aos povos que ainda vivem sob o domínio estrangeiro, e que o apoio à procura da libertação dos povos sob ocupação tem a sua origem e a sua razão de ser na nossa história e na nossa luta de libertação nacional.

“Cada um para o seu lado”, insistiu. “Nós, argelinos, escolhemos o lado da justiça, da liberdade, da descolonização, da autodeterminação e dos direitos humanos”, declarou o embaixador Amar Bendjama.

Este empenhamento aplica-se naturalmente à causa do povo sarauí, que espera há quase meio século que a ONU lhe faça justiça e aplique a Resolução 1514 sobre a concessão da independência.

A ONU procurou fazer respeitar o direito internacional através da criação da MINURSO, a Missão das Nações Unidas para o Referendo no Sara Ocidental. Até à data, porém, foi impedida de organizar este referendo de autodeterminação, apresentando uma proposta de autonomia nebulosa que, até agora, não convenceu ninguém.

O embaixador Amar Bendjama concluiu a sua intervenção reafirmando o apoio da Argélia ao secretário-geral da ONU e ao seu enviado pessoal nos seus esforços para encontrar uma solução por referendo, ou seja, através da consulta do povo do Sahara Ocidental.