A Cumplicidade de Espanha no Sahara Ocidental: Apoio Militar a Marrocos Expõe uma Profunda Hipocrisia

Embora a retórica política entre Madrid e Rabat tenha, por vezes, refletido tensões, a realidade no terreno revela uma história muito diferente — a de uma colaboração militar cada vez mais profunda. A prova mais recente vem da Navantia, empresa estatal espanhola, que continua a avançar de forma constante na construção de uma Patrulha Oceânica Avante 1800 para a Marinha Real Marroquina. Apesar das tensões diplomáticas anteriores, a relação militar-industrial entre Espanha e Marrocos não apenas persiste — prospera.

Isto não deveria surpreender ninguém. Espanha não é um ator neutro no conflito do Sahara Ocidental. À luz do direito internacional, permanece a potência administradora de jure do Sahara Ocidental — uma responsabilidade que decorre da Carta das Nações Unidas, da Resolução 1514 (1960) sobre a descolonização, e da Resolução 1541 (1960), que estabelece as condições para a descolonização de territórios não autónomos.

A Espanha não podia transferir legalmente a soberania do Sahara Ocidental para outro Estado. Estava — e continua — obrigada a descolonizar o território através da livre e genuína expressão da vontade do povo saharaui, nomeadamente através de um referendo supervisionado pelas Nações Unidas. Espanha nunca cumpriu essa obrigação.
Pelo contrário, em 1975, em plena crise política interna, abandonou o território e o seu povo, abrindo caminho para a invasão militar brutal de Marrocos, que lançou décadas de ocupação e sofrimento.

Desde então, a Espanha tem atuado, não como observador neutro, mas como cúmplice da ocupação ilegal de Marrocos. Através do fornecimento de equipamento militar, transferência de tecnologia, programas de formação e apoio diplomático, a Espanha fortaleceu o controlo marroquino sobre o território ocupado. Cada navio construído, cada sistema fornecido, contribui para reforçar uma potência ocupante que viola sistematicamente o direito internacional e comete crimes de guerra.

A política de Espanha não é uma simples questão de pragmatismo económico — é uma participação deliberada num empreendimento colonial ilegal. Espanha ajuda ativamente um regime que pratica tortura, desaparecimentos forçados, detenções arbitrárias e repressão violenta, tal como amplamente documentado pelas Nações Unidas, a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch.

Ainda mais grave é o desconhecimento generalizado entre os cidadãos espanhóis, que não têm consciência de que são parte ativa num conflito que viola o direito internacional e perpetua a injustiça e o sofrimento. Dinheiro público espanhol, empresas espanholas e instituições estatais estão a contribuir materialmente para a continuação desta ocupação ilegal.

Esta cumplicidade não é apenas uma traição histórica ao povo saharaui; é uma violação contínua das obrigações internacionais da Espanha e dos seus próprios princípios democráticos. Cada dia de colaboração militar aprofunda a responsabilidade espanhola nos crimes cometidos contra o povo saharaui.

A verdade é inequívoca: ao apoiar militarmente Marrocos, Espanha escolhe a cumplicidade, o oportunismo e o desprezo pela dignidade humana.
É hora de exigir à Espanha que assuma as suas responsabilidades históricas e legais: descolonizar o Saara Ocidental e garantir a liberdade e a autodeterminação do povo saharaui.

Cada dia de silêncio agrava a cumplicidade. Cada dia de inação prolonga a injustiça.

https://www.armyrecognition.com/news/navy-news/2025/spanish-company-navantia-progresses-steadily-on-moroccos-new-avante-1800-offshore-patrol-vessel-despite-earlier-diplomatic-tensions#google_vignette

POR UN SAHARA LIBRE .org - PUSL
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