Colóquio na Universidade da Sorbonne sobre o colonialismo no Sahara Ocidental e a posição da França

Paris, 16 de maio de 2025 (SPS) Um importante colóquio intelectual teve lugar na prestigiosa Universidade da Sorbonne, na capital francesa, sob o tema “O colonialismo no Sahara Ocidental e a posição da França”.

O evento, organizado por esta instituição académica de renome mundial, contou com uma grande participação de estudantes e professores e foi transmitido em direto em várias plataformas de redes sociais.

O colóquio contou com a presença do professor e investigador Michel Crussel e de Mohamed Ali Zerouali, representante do nosso país em França, que proferiu uma conferência aprofundada centrada em cinco temas principais, traçando as dimensões histórica, política e militante da questão saharaui.

Na sua introdução, o diplomata saharaui agradeceu calorosamente aos organizadores da conferência, em particular ao Cercle Universitaire d’Etudes Marxistes, e ao público presente.

Iniciou a primeira parte da sua intervenção referindo-se ao início da colonização espanhola do Sahara Ocidental após a Conferência de Berlim de 1884, conferência que dividiu a África entre as potências coloniais europeias como se fosse uma “propriedade sem dono”. O deputado exprime também a desilusão do povo saharaui que, na altura, esperava o apoio de Marrocos na sua luta contra a ocupação espanhola, para se ver confrontado com uma nova invasão e ocupação por parte de Marrocos.

Na segunda secção, Zerouali abordou a luta da Frente Polisario, sublinhando que este movimento se bateu em três frentes simultâneas: a luta armada, a construção das instituições do Estado saharaui e a mobilização do apoio internacional.

O terceiro tema foi a situação atual. O orador elogiou a resiliência do Estado saharaui, apesar das duras condições do exílio, a sua capacidade de construir instituições legislativas e executivas, a sua adesão de pleno direito à União Africana e o desenvolvimento das suas relações diplomáticas através dos continentes.

Sublinhou ainda a gratuitidade dos serviços de educação e de saúde, denunciando o “muro da vergonha” marroquino e as condições de miséria nos territórios ocupados, referindo a este propósito a marcha de solidariedade com os presos políticos saharauis que chegou recentemente a Espanha, depois de passar por várias cidades francesas. Criticou também com veemência a incapacidade da comunidade internacional, em particular do Conselho de Segurança, em impor a aplicação do plano de paz da ONU, o que levou ao recomeço da guerra após a violação do cessar-fogo por Marrocos.

Sobre o quarto ponto, o diplomata saharaui sublinhou a batalha jurídica travada pela Frente Polisario perante os tribunais europeus para defender a sua soberania e os direitos do seu povo, nomeadamente no que respeita à pilhagem dos recursos naturais.

Quanto ao quinto e último eixo, dedicou-o à posição da França, que qualificou de parcial e injusta para com o povo saharaui. Atribui a Paris a responsabilidade política e moral de perpetuar o sofrimento do povo saharaui durante mais de meio século. Apontou o dedo ao apoio continuado dos sucessivos governos franceses a Marrocos, tanto política como militarmente, incluindo a sua oposição ao alargamento do mandato da MINURSO ao controlo dos direitos humanos. Denunciou o duplo discurso da França, que contradiz os valores de liberdade, justiça e igualdade que afirma defender.

Em conclusão, Zerouali sublinhou que a questão saharaui continua a ser uma questão de descolonização que só pode ser resolvida através da aplicação do princípio da autodeterminação. Alertou para os perigos de manter a ignorância face ao sofrimento de um povo pacífico que só recorreu à guerra em legítima defesa.

Por fim, apelou a um redobrado esforço académico e mediático para dar a conhecer a causa saharaui e quebrar o isolamento que a envolve.

Note-se que o colóquio não escapou às tentativas de provocação por parte de alguns partidos ligados ao Makhzen marroquino, que pressionaram a administração da universidade e os organizadores, chegando mesmo a ameaçar os oradores para impedir a realização do evento. Estas tentativas falharam e contribuíram, de facto, para aumentar a interação com a conferência, que ultrapassou todas as expectativas em termos de participação.

POR UN SAHARA LIBRE .org - PUSL
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